1. |
Intro (Olho Mágico)
01:38
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I.
A luz vem
em algumas manhãs
dura pouco
não entra diretamente pelos cômodos ou incide
sobre meu rosto e ombros
hoje acordei tarde
a luz, agora totalmente fria
ia embora
e quando está escuro
a casa parece muito maior
II.
Cerquem vossas muralhas
Quando ao sinal do fogo
Eu dilacerar com beijos a carne
Eu forço a entrada
Fundado entre lâminas
Concreto de ponderações antes opacas que falsas
Evocação guiada
Em expansão permanente
Como matéria gasta dum verbo intraduzível
Um grifo frágil, um olho mágico
Um raio enclausurado
Salto no vazio
Eu sou a culpa
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2. |
Armado até os Dentes
01:52
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Armado até os dentes
De possibilidades
Só isso
Postergando indefinidamente
Refazendo todos os meus cálculos
E repetindo todas as palavras
Enquanto durar a música
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3. |
Cadáver Branco
02:16
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Remendo inconfesso
Da imagem do mundo
Traz inalterado o cadáver branco
Da justiça
Por claros que sejam
Seus olhos dedos e ombros
Cabelos por nuvens
E voz por remédio
Venero a ampulheta quebrada
Pois ela dirá num avesso de fim:
Mata, castiga e o faz com prazer
Sob a punição vigilante
Daqueles que esculpem
Rios de cimento
Em combustão amena, prístina
Entrego meus braços
Remorso incompleto
Dos homens de troca
Dinheiro, escrita, história
Lei e seu fora
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4. |
Bala Perdida
03:07
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I.
Você atravessou o mundo
De olho no céu
Forçou a vida pelos ares
O que te agrada mais?
(
II.
E prosaico demais
Simples
De jeitos ruins
Sem imagens, sem sedução
Murmurando o mais óbvio e desinteressante
Ensimesmado
De uma inaptidão anêmica
Rude e ainda assim inagressivo
Quase ingênuo --
(
III.
Algo indiscernível
Uma vontade terrível
De investir
Com todas as minhas forças
Contra um obstáculo
))
(
IV.
Você só sabe agir violentamente
Você arremessa tudo e
Por onde você passa
Tudo estraga
Tudo morre
Cercado de perdas
Você é um ser sem esperanças
Em direção ao último
Ao primeiro
Chão
)
Na minha cabeça
Eu ergui impérios
Os mais óbvios
E quando você teve aquela ideia
Eu não quis dizer nada
Mas saiba que eu sempre discordei
Talvez em album ponto a gente tenha se confundido
Talvez você tenha se desviado
De uma bala perdida
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5. |
Mundo de Vidro
03:40
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Invista
O quanto antes
Em uma melhor versão de você mesmo
Não vai ser boa o bastante
Invista
Imediatamente
Em uma melhor versão de você mesmo
Não vai ser boa o suficiente
Mundo de vidro
Eu pago pelos meus direitos e deveres
Entusiasmado pela possibilidade
De me tornar um novo homem
Eu vendi a minha alma ao diabo
Quanto você ganha?
Onde você mora?
Quanto valem todos os seus pecados depois que deus os esqueceu?
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6. |
Medo
00:42
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medo medo medo medo
medo medo medo medo
medo medo medo medo
medo medo medo medo
medo medo medo medo
medo medo medo medo
medo medo medo medo
medo medo medo medo
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7. |
Onze
04:19
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I.
Eu sou aquilo que não sou:
Um desastre ontológico
II.
E eu odeio
A mera possibilidade
De dizer
Com alguma certeza
Que eu odeio
Qualquer coisa
III.
Seu alimento
Sua casa
Seu sono
A saúde dos teus filhos
Os horários do sol
(
IV.
Em alguns dias
Eu tentarei
Achar minha voz profética
Falar em línguas
Esconjurar a matéria
Mas hoje
Não
)
O familiar par de olhos no espelho de manhã
(A manhã, porque você consegue vivê-la)
(
V.
Aonde você vai se esconder
No dia em que você mesmo for o obstáculo?
)
A luz
Que alcança as tuas plantas
(
V.
Aonde você vai se esconder
No dia em que você mesmo for o obstáculo?
)
Tudo isso
Sedimentado violentamente.
(
VII.
Você ainda não
Decorou as estantes
Ou as esqueceu após ter sabido
O que parece
Ainda mais sério
)
VI.
Eu te assustei
Quando dilacerei
O espaço possível
Arremessando meu corpo
Sem desafio ou raiva
Resistência vazia
Pro forma
Estilhaçando o antes
Sem aviso
Ou arrependimento
?
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8. |
Tanto Faz
04:24
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I.
Sol tedioso
Se levantando miseravelmente
Contra o arrastar das horas
Tanto faz
Que me quebrem os ossos agora ou depois
Que me matem inteiro ou em partes
Tanto faz
II.
Quando o ódio não move
Os dias se distorcem
A vertigem me engole
Apetite de morte
III.
Caminhando mentalmente
Retirada a crueldade
Sou indiferentemente ruim
Oco, sem pulso
Vulnerável
E gravada na minha testa
A única certeza
Concedida a mim:
Tudo permanece
Se tudo destrói
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9. |
Estrada da Morte
10:38
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I.
Qual o propósito
Dessas noites perdidas
Perturbado pela culpa?
Os livros que você roubou
São crimes contra quem?
Vestígios sistemáticos
Álibi às avessas
Tudo isso que encarcera
Faz seu pulso responder?
II.
Destruição
Caos
Pessoas fazendo mal umas às outras
Você está entrando
Na estrada da morte
Não há
Desaceleração possível
Apenas o incessante ir e vir
Você está inexoravelmente preso
Na estrada da morte
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10. |
Domesticado
07:37
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I.
pulso|poço morno
vasos frágeis
um caminho apagado
pro qual enviei você
II.
a. Ele estava no escuro / b. ele queria saber tudo
a. Ela estava com frio / b. ela queria saber tudo
III.
Céu azul sem nuvens
Faz frio mas eu suo
A pele recebe os golpes de sol
Tudo é manso
E as pessoas fazem silêncio
Só quero admitir
Que eu estou sozinho
E que consigo estar sozinho
Eu não peço, eu tomo
Eu finjo saber meu lugar
Lentamente corro os olhos
Desafiando a visão alheia
Eu ergo meu rosto
Deixo o calor brotar:
Um poço escuro me aguarda
E no fundo da garganta onde eu sei esconder meu fôlego
Eu tremo
Percebo as pessoas me notando
Tá estampado na minha testa
Não está?
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